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Foto do escritorPATRICIA OLIVEIRA

A criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras e seu legado


O dia 18 de maio de 1950 foi um marco histórico na luta do feminismo negro no Brasil, pois, nesta data, foi criado o Conselho Nacional de Mulheres Negras, na cidade do Rio de Janeiro.

Uma das principais lutas deste Conselho, foi em defesa dos direitos das empregadas domésticas, atividade executada, em sua maioria, por mulheres negras. Para tal, o Conselho contou com o apoio de uma forte aliada, a heroína Laudelina Campos de Mello, que teve uma trajetória em prol da valorização do emprego doméstico, o feminismo e o ativismo pela igualdade racial.


No Brasil, o feminismo negro surgiu no final da década de 70, com o acesso dos movimentos negros, sindicais e estudantis na política.


Vale ressaltar que, no século XX, os movimentos negros estudavam o fenômeno do racismo de forma igualitária na interseccionalidade de gênero e raça, ou seja, na mesma proporção para homens e mulheres. O recorte de gênero foi levado para o centro das discussões pelo movimento feminista negro.


A criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras oportunizou ações para dar voz e visibilidade às mulheres que, pelo fato do gênero, eram excluídas do processo democrático de direito. E, mesmo com a existência deste conselho, a atuação das mulheres negras nos movimentos sociais da época foi marcada por restrições de suas participações efetivas, pois, as suas questões peculiares não eram tratadas nos movimentos negros e feministas.


É incontestável que o movimento de mulheres negras construiu uma trajetória ativa e atuante no Brasil no que diz respeito ao trato da questão racial e de gênero, que são fatores que colocam a população negra em uma situação de extrema vulnerabilidade social.


O Conselho Nacional de Mulheres Negras deixou um legado histórico que até hoje inspiram outros movimentos sociais, em especial os que tem como objeto a luta por garantias dos direitos da mulher negra, a qual encontra-se na base da pirâmide dessa nossa sociedade racista, machista e patriarcal. E, foi com a participação e intervenção dos movimento sociais nas diversas instâncias do poder público, que as mulheres negras conquistaram destaque para lutar contra as desigualdades de gênero, identificadas em relação aos homens brancos, às mulheres brancas e aos homens negros.


A luta por direitos e garantias fundamentais das mulheres negras já duram décadas, e deverá perdurar para que de fato consigamos combater as desigualdades sociais, raciais e de gênero existentes, e assim conquistarmos o direito a igualdade, e respeito a pluralidade de pessoas no nosso país.



”Posso esquecer que evitaste minha mão e perdoar tua fraqueza e omissão mas não me negue, pois sou nega de valor e tenho orgulho da historia dessa cor”

(Ana Luiza Flauzina)




Patrícia Oliveira

Advogada




*Este artigo é produzido com o apoio do Fundo Baobá, por meio do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco.

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